O SENHOR JESUS CRISTO SALVADOR DO MUNDO

bispo Alexander (Mileant) Traduzido por N. Namestnikov / Arcipreste George Petrenko, José Arimatéa Conteúdo: Aguardando a volta do Messias. A vida terrena de nosso Senhor Jesus Cristo. Da aparência de nosso Senhor Jesus Cristo. Ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo quanto à fé e ao modo Cristão de viver. Conclusão. Da natureza divina de Cristo "Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigênito para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). O Filho Unigênito e Encarnado de Deus, o Senhor Jesus Cristo, é o Salvador da humanidade. Pela vontade de Deus Pai e por piedade a nós, pecadores, Ele veio ao mundo tornando-se humano. Pela Sua palavra e pelo Seu exemplo passou a ensinar como era necessário crer e viver para tornar-se justo e digno do cognome de Filho de Deus, e fazer parte da Sua vida eterna, repleta de graças. Para nos purificar dos pecados e vencer a morte, Ele morreu na cruz e ressuscitou no terceiro dia. Agora, como Deus-homem, encontra-se nos céus, ao lado do Pai. Jesus Cristo é o chefe do Reino de Deus, por Ele criado, que é a Igreja, na qual se salvam os que crêem, guiados e fortalecidos pelo Espírito Santo. Antes do final do mundo, Jesus Cristo retornara à terra, para julgar os vivos e os mortos. Então virá o Seu Reinado de Glória, o paraíso, onde os redimidos alegrar-se-ão eternamente. Assim foi vaticinado e nós acreditamos que assim será. Aguardando a vinda do Messias O evento magno na vida da humanidade é a vinda do Filho de Deus à Terra. Para isto, Deus preparou os homens, sobretudo o povo hebreu, no decorrer de vários milénios. Em meio a esse povo, Deus destacava profetas que prediziam a vinda do Salvador do Mundo - do Messias - e, com isso, introduziam as bases da crença Nele. Além do mais, Deus, no decorrer de muitas gerações, começando por Noé, a seguir por Abraão, Davi e outros homens justos, purificava aquele invólucro do qual Messias deveria vir a encarnar. Afinal, foi assim que nasceu a Virgem Maria, que se tornou digna de ser a Mãe de Jesus Cristo. Concomitantemente, Deus direcionava também a conjuntura política do velho mundo no sentido de que a vinda do Messias fosse auspiciosa e para que seu reino benfazejo se difundisse amplamente entre as pessoas. Desse modo, à época da vinda do Messias, vários povos pagãos entraram na composição de uma só nação - a do Império Romano. Este fato possibilitou aos discípulos de Cristo viajarem sem empecilhos por todos os países do vasto império romano. A ampla difusão da língua grega, largamente falada, favorecia as comunidades cristãs esparramadas por territórios distantes, no sentido de manterem contato entre si. Os Evangelhos e as epístolas apostólicas foram escritos em grego. Em decorrência da aproximação de culturas de diferentes povos, bem como do desenvolvimento da ciência e da filosofia, a crença nas divindades pagãs foi muito abalada. Os homens passaram a ansiar por respostas satisfatórias às suas indagações religiosas. Cabeças pensantes do mundo pagão entendiam que a sociedade chegava a um beco sem saída e passaram a exprimir suas esperanças no sentido da vinda do Transformador e Salvador da humanidade. A Vida Terrena de Nosso Senhor Jesus Cristo Para o nascimento do Messias, Deus escolheu a pura Virgem Maria, do ramo do rei Davi. Maria era órfã, criada pelo ancião José, seu parente distante, residente em Nazaré, uma das cidadezinhas do norte da Terra Santa. O Arcanjo Gabriel, aparecendo, informou à Virgem Maria sobre Sua escolha, por Deus, para vir a ser Mãe do Seu Filho. Quando a Virgem Maria concordou humildemente, o Espírito Santo desceu sobre Ela e Ela concebeu o Filho de Deus. O conseqüente nascimento de Jesus Cristo ocorreu em Belém, pequena cidade judaica, onde outrora nascera o rei Davi, ancestral de Cristo. (Os historiadores datam o nascimento de Jesus Cristo entre os anos 749-754 da fundação de Roma). A contagem d.C. inicia-se em 754, após a fundação de Roma. A vida, os milagres e diálogos de Jesus Cristo acham-se relatados em quatro livros, chamados Evangelhos. Os três primeiros evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas narram os acontecimentos da sua vida ocorridos sobretudo na Galiléia - localizada no norte da Terra Santa. O Evangelista João completa as narrativas com acontecimentos ocorridos nas terras de Jerusalém. Até a idade de trinta anos, Jesus Cristo viveu com sua mãe, a Virgem Maria, na casa de José, em Nazaré. Com a idade de doze anos, dirigiu-se com os pais, a Jerusalém, para a festa da páscoa, passando três dias no templo, dialogando com os sábios. Sobre outras particularidades da vida do Salvador, em Nazaré, nada se sabe, além do fato de que auxiliara José, no ofício da carpintaria. Como pessoa, Jesus Cristo cresceu e desenvolveu-se como os demais seres humanos. No trigésimo ano de vida recebeu o batismo do Profeta João, no rio Jordão. Antes de iniciar sua vida pública, dirigiu-se para o deserto onde jejuou durante quarenta dias, sendo tentado pelo demônio. Jesus iniciou sua vida pública na Galiléia, escolhendo doze apóstolos. O milagre da transformação da água em vinho, realizado por Jesus Cristo, nas bodas de Caná, na Galiléia, fortaleceu a fé dos Seus discípulos. Após passar algum tempo em Cafarnaum, dirigiu-se a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Ali, pela primeira vez, despertou a ira contra si dos sacerdotes hebreus e sobretudo dos fariseus, quando enxotou os vendedores do templo. Após a Páscoa, Jesus Cristo reuniu seus apóstolos, os instruiu e os enviou para apregoar a aproximação do Reino de Deus. Ele próprio peregrinou pela Terra Santa, pregando, reunindo discípulos e divulgando ensinamentos sobre o Reino de Deus. Jesus Cristo demonstrou Sua origem Divina com muitos milagres e profecias. As forças da natureza Lhe obedeciam. Por exemplo: ao seu comando, a tempestade cessou; caminhou sobre as águas como em terra firme; multiplicando cinco pães e alguns peixes, alimentou enorme multidão; transformou água em vinho. Ressuscitava mortos, exorcizava demônios e curava enfermos. Jesus Cristo sempre evitou a glória dos homens. Para Suas necessidades, Jesus Cristo jamais recorreu ao Seu infinito poder. Todos os seus milagres acham-se transpassados por profunda comiseração para com os homens. Seu milagre supremo foi a Sua própria ressurreição dos mortos. Com a ressurreição, subjugou o poder da morte e deu início a nossa ressurreição dos mortos, que ocorrerá ao final dos tempos. Os evangelistas relataram muitas profecias de Jesus Cristo. Várias delas concretizaram-se ainda no tempo dos apóstolos. Dentre elas constam a profecia da negação de Pedro, a traição de Judas, a crucificação e a ressurreição de Cristo, o Pentecostes, os milagres realizados pelos apóstolos, as perseguições pela fé, a queda de Jerusalém e outros. Algumas profecias de Cristo, referentes ao fim dos tempos, começam a se realizar, por exemplo: a divulgação do Evangelho em todo o mundo, a depravação, a perda da fé, as terríveis guerras, os terremotos etc. Algumas profecias, como a ressurreição dos mortos, a Segunda vinda de Cristo, o fim do mundo e o juízo final estão ainda por ocorrer. Com Seu poder sobre a natureza e Seu conhecimento sobre o futuro, Jesus Cristo comprovou a verdade dobre seus ensinamentos, bem como que é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus. A vida pública de Jesus Cristo durou cerca de três anos. Os sacerdotes, os sábios do templo e os fariseus não aceitaram os seus ensinamentos e, invejosos de seus milagres e progressos, buscavam uma oportunidade para matá-lo. Enfim, ela se apresentou. Após o Salvador Ter ressuscitado Lázaro, seis dias antes da Páscoa, cercado e aclamado pelo povo, como filho de Davi e rei dos judeus, adentrou na cidade de Jerusalém. O povo Lhe fazia reverências. Jesus Cristo dirigiu-se diretamente ao templo, mas vendo que os sumo-sacerdotes transformaram a casa de oração em antro de marginais, expulsou todos os vendilhões do templo. Isto despertou a ira dos sacerdotes e fariseus e eles decidiram acabar com Ele. Enquanto isso, Jesus Cristo ensinava o povo no templo. Na quarta-feira, um de seus apóstolos, Judas Escariotes, ofereceu aos membros do Sinédrio trair seu Mestre por trinta moedas de prata. Esta oferta foi muito bem recebida pelos sumo-sacerdotes. Na quinta-feira Jesus Cristo desejando comemorar a Páscoa com seus discípulos, dirigiu-se de Betânia para Jerusalém, onde Pedro e João prepararam o recinto para a comemoração. Chegando ao anoitecer, Jesus Cristo deu um grande exemplo de humildade, lavando os pés de seus discípulos, coisa que pela tradição judaica era tarefa dos servos. Depois, sentando-se com eles, comemoraram a Páscoa do Velho Testamento. Depois, Ele definiu a Páscoa do Novo Testamento - a Eucaristia. Tomou o pão, deu graças e distribuiu aos seus discípulos, dizendo: "Tomai e comei: Este é Meu corpo, que é dado por vós." Depois tomou o cálice e deu-lhes, dizendo: "Bebei dele todos: Isto é Meu sangue, símbolo da nova aliança, que é derramado por muitos, pela remissão dos pecados." Depois disto, conversou pela última vez sobre o Reino de Deus com seus discípulos. Em seguida, acompanhado de três discípulos - Pedro, Tiago e João, dirigiu-se a um lugar chamado Getsemani, onde rezou até transpirar sangue, sabedor do cálice que estava por receber. Então chegou Judas, acompanhado de um bando armado enviado pelos sumo-sacerdotes. Judas traiu seu mestre com um beijo. Enquanto Caifás reunia o conselho, os soldados levaram Jesus à casa do sumo-sacerdote; dali Ele foi levado à presença de Caifás, onde tarde da noite realizou-se o Seu julgamento. Apesar de terem sido convocadas várias testemunhas, ninguém pode atestar algo que desse causa à sua condenação à morte. Então, quando Jesus Cristo afirmou ser Filho de Deus e o próprio Messias, foi acusado de blasfemo, o que deveria ser punido com a pena capital. Na sexta-feira pela manhã, os sumo-sacerdotes, juntamente com os membros do conselho, dirigiram-se ao procurador romano Pilatos, para que este confirmasse a sentença. Inicialmente, Pilatos não concordou, pois não viu culpa em Jesus. Então os judeus começaram a ameaçá-lo dizendo que iriam denunciá-lo a Roma, e então Pilatos confirmou a sentença. Jesus foi entregue aos soldados romanos. Perto das 12 horas, juntamente com dois bandidos, Jesus foi levado ao Gólgota - um pequeno monte na parte ocidental dos muros de Jerusalém - e lá foi crucificado. Resignadamente aceitou Ele esta condenação. Era meio dia. Repentinamente o sol escureceu, e por três horas as trevas cobriram a terra. Depois disto, Jesus bradou ao Pai: "Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?." Depois, vendo que tudo o que havia sido profetizado no antigo testamento se passou Ele disse: "Está tudo consumado! Pai, em Tuas mãos! entrego o meu espírito.." Seguiram-se vários fenômenos. O véu do templo rasgou-se de alto a baixo em duas partes e a terra tremeu. Vendo isso, até o centurião exclamou: "Verdadeiramente Este era o Filho de Deus." Ninguém teve dúvidas quanto à morte de Jesus. Dois membros do conselho, José e Nicodemos, que também secretamente eram discípulos de Jesus, receberam autorização de Pilatos para tirar o corpo de Jesus morto e sepultá-lo num sepulcro de propriedade de José, próximo do Golgota. Os membros do Sinédrio tomaram todas as providências para que o corpo de Jesus não fosse roubado por seus discípulos, fechando a entrada do sepulcro e designando uma escolta para vigiar o mesmo. Tudo foi feito às pressas, já que, naquela noite, iniciava-se a festa da Páscoa. No Domingo (provavelmente 8 de abril), terceiro dia após Sua morte na cruz, Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e abandonou o sepulcro. Depois disto, um anjo enviado do céu removeu a pedra da entrada do sepulcro. As primeiras testemunhas disto foram os soldados que vigiavam o sepulcro. Apesar deles não terem visto a ressurreição de Cristo, eles testemunharam que quando o anjo removeu a pedra o sepulcro já estava vazio. Assustados com a visão do anjo, os soldados correram. Maria Madalena e outras mulheres que estavam com ela foram ao sepulcro para ungir o corpo do seu Senhor e Mestre e encontraram o mesmo vazio. Elas tiveram a honra de ver o próprio Salvador Ressuscitado e ouvir dele: "Regozijem-se!" Além de Maria Madalena, Jesus apareceu para vários de seus apóstolos em diversas ocasiões. Em algumas destas ocasiões os discípulos puderam inclusive tocar o corpo Dele para certificarem-se que não se tratava de uma mera visão. No período de quarenta dias Jesus conversou com seus apóstolos várias vezes, deixando seus últimos ensinamentos. No quadragésimo dia, Jesus Cristo ascendeu aos céus na presença de todos seus discípulos. De acordo com nossa crença, Jesus Cristo está sentado à direita de Deus Pai, ou seja, possui com Ele um só poder. Ele retornará antes do fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, após o que terá início o Seu Glorioso e Eterno Reino, onde os justos resplandecerão como o sol. Da Aparência de Nosso Senhor Jesus Cristo Os Santos Apóstolos, quando escreveram a vida e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, não citaram quaisquer características sobre sua aparência. Para eles, o importante era fixar os seus ensinamentos. Na Igreja Oriental existe a crença sobre o ícone do rosto do Salvador. De acordo com ela, o artista enviado pelo rei Avgar tentou várias vezes, sem sucesso, retratar a face de Jesus. Então Jesus chamou o artista, pegou sua tela e ao encostá-la contra Sua face, nesta ficou impressa a Sua imagem. Tendo recebido esta imagem de seu artista, o rei Avgar curou-se de lepra. A partir daí, esta milagrosa imagem do Salvador tornou-se famosa na Igreja Oriental e dela se faziam várias cópias. Existem registros sobre a imagem original em relatos do historiador armênio Moisés Xorenski, do historiador grego Evaghi e de São João Damasceno. Na Igreja Ocidental existe a crença da imagem de Santa Verônica, a qual teria dado um pano a Jesus quando Este se dirigia ao Gólgota, para que Ele limpasse o suor de Seu rosto. Neste pano teria ficado a imagem de Seu rosto e, posteriormente, este pano teria sido levado ao Ocidente. Na Igreja Ortodoxa é hábito representar o Salvador em ícones e afrescos. Estas representações não têm por objetivo retratar fielmente a Sua aparência. Elas servem para lembrar-nos, simbolicamente, elevando nosso pensamento para Aquele que está representado. Visualizando a imagem do Salvador, nós nos lembramos de Sua vida, de Sua paixão, de Seus milagres e ensinamentos. Lembramo-nos de como Ele, Onipresente, está conosco, vendo nossas dificuldades e ajudando-nos. Isto eleva nosso pensamento a orar: "Jesus, Filho de Deus, Tem Piedade de Nós!" A imagem do Salvador também está registrada no "Sudário de Turim." Um lençol que teria servido de mortalha para o corpo de Jesus retirado da Cruz. Visualizar a imagem registrada no Sudário se tornou possível em tempos relativamente recentes, com o auxílio da fotografia e da tecnologia dos computadores. As imagens obtidas com estas tecnologias possuem uma espantosa semelhança com alguns antigos ícones bizantinos (estas semelhanças, às vezes, atingem 45 ou até 60 pontos, o que na opinião dos especialistas não pode ser considerado casualidade). Estudando o Sudário de Turim os especialistas concluíram que nele está a imagem em negativo de um homem de cerca de 30 anos, com uma altura de 1,81cm e de grande complexão física (o que é muito mais que a média de seus contemporâneos). Ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo quanto À Fé e ao Modo Cristão de Viver Sobre seus ensinamentos, Jesus Cristo diz: "Para isto eu nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade; todo o que está pela verdade, ouve a minha voz" (João 18:37). Por isso nós devemos considerar cada palavra de Jesus como Verdade e baseado nesta verdade orientar a nossa conduta. Jesus Cristo ensinou que Ele é o Salvador do gênero humano. "O Filho do Homem veio salvar o que se tinha perdido...para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos" (Mateus 18:11; 20:28). O Filho de Deus assumiu a missão de salvar os Homens, obedecendo a vontade de Seu Pai, o qual "amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigênito para que todo o que crê Nele não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Jesus Cristo ensinou que Ele possui uma única natureza com Deus Pai ("Eu e o Pai - somos Um"), que Ele "desceu dos céus" e "está nos Céus" ao mesmo tempo, isto é, Ele coexiste na terra como homem e no céu como Filho de Deus, sendo Deus-Homem (João 3:13; João 10:30). Por isto, todos devem honrar o Filho, do mesmo modo que honram ao Pai. Quem não honra ao Filho, não honra ao Pai que O enviou (João 5:23). A verdadeira natureza divina foi professada por Jesus Cristo antes de Seu martírio na cruz, perante o Sinédrio, dando causa à sua condenação. Os membros do conselho assim comunicaram a Pilatos sua decisão: "Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus" (João 19:7). Afastando-se de Deus, as pessoas confundiram-se em suas crenças sobre o Criador, sobre Sua natureza imortal, sobre o objetivo desta vida, sobre o bem e o mal. Jesus Cristo revela ao homem os pilares da fé e da vida, orienta seu pensamento e sua conduta. Tendo Jesus como fundamento, os apóstolos escrevem: "E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles e pregando o Evangelho do Reino" (Mateus 9:35), divulgando a chegada do Reino de Deus entre os homens. Freqüentemente Jesus Cristo iniciava seus ensinamentos com as palavras: "O Reino de Deus se assemelha...." Daí, devemos concluir que, pela vontade de Jesus, o gênero humano é chamado a buscar a salvação não individualmente, mas de modo coletivo, como uma única família espiritual, usufruindo dos meios por Ele deixados à Igreja. Pode-se definir estes meios em duas palavras: a graça e a verdade. Graça - força invisível vinda do Espírito Santo, que ilumina a mente do homem, orientando sua vontade para o bem, fortificando suas forças espirituais, trazendo-lhe a paz interior e a felicidade, santificando todo o seu ser. Falando sobre salvação, Jesus ensinava sobre as condições necessárias para que o indivíduo fosse admitido em Seu reino, o modus vivendi e os objetivos cristãos, bem como sobre a natureza de Seu reino. Vamos agora tratar destes ensinamentos: Como Entrar no Reino de Deus? O primeiro passo desta jornada é Ter Fé em Jesus Cristo, como o enviado de Deus para salvar o mundo - aceitar que Ele é o caminho, a verdade e a vida, e que ninguém vai ao Pai senão por Ele. Quando perguntado pelos judeus sobre o que eles deveriam fazer para agradar a Deus, Jesus respondeu: "...creiais Naquele que Ele enviou" (João 6:29). "Aquele que crê no Filho terá a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João, 3:36). Nossa crença em Jesus Cristo deve ser não somente a aceitação Dele como Filho de Deus, mas deve ser como a fé das crianças em seus pais - devemos simplesmente aceitar, de todo coração, os Seus ensinamentos - sem qualquer interpretação ou dúvida. É uma fé assim que Deus espera de nós. "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos Céus" (Mateus 18:3). Esta fé sincera no Salvador ilumina o discernimento humano, conduzindo toda sua existência pela promessa do Salvador: "Eu sou a luz do mundo, aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" (João 8:12). Atraindo as pessoas para Seu reino, Jesus convida-os a seguir uma vida digna dizendo: "Arrependei-vos, pois é chegado o reino dos céus" (Mateus 4:17). Arrepender-se, quer dizer reconhecer todas as suas faltas, modificar seu modo de vida e, com a ajuda de Deus, iniciar uma nova vida fundada no amor a Deus e ao próximo. Porém, para iniciar uma nova vida não basta a vontade, é fundamental a ajuda de Deus, a qual é dada ao crente pelo Santo Batismo. Pelo Batismo são perdoados todos os pecados do indivíduo, ele nasce para uma vida espiritual e torna-se membro do Reino de Deus. Sobre o Batismo, disse Jesus: "em verdade vos digo, aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne, é carne e o que nasceu do espírito é o espírito" (João 3:5-6). Posteriormente, mandando seus discípulos pregar, Disse-lhes: "Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho ensinado" (Mateus 28:18). Quem crer e batizar-se será salvo, mas quem não crer será condenado (Marcos 16:10). As palavras "todas as coisas que vos tenho ensinado" confirmam o valor dos ensinamentos de nosso Salvador, que são essenciais para nossa salvação. Vida Cristã Nas "bem-aventuranças" (Mateus cap. 5) Jesus traçou o perfil de uma vida cristã. Ela deve ser fundada na humildade, arrependimento, caridade, pureza de sentimentos, paz e na crença em Deus. Com as palavras "Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus" Jesus chama o homem à humildade, o reconhecimento de sua pecaminosidade e de sua fraqueza espiritual. A humildade é a base da salvação do gênero humano. Da humildade deriva o arrependimento - o reconhecimento de suas faltas, e "Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados" - receberão o perdão e a paz de espírito. Obtendo a paz de espírito, o indivíduo torna-se pacífico e amante da paz. "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra." Receberão aquilo que nos é tirado por indivíduos agressivos e ímpios. Purificando-se pelo arrependimento, o homem tem necessidade da verdade e da caridade. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão saciados," ou seja, com a ajuda de Deus eles a receberão. Sentindo a graça de Deus em si, o indivíduo começa a percebê-la em seus semelhantes. "Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia." O misericordioso purifica-se do pecaminoso sentimento de avareza pelos bens materiais, quando é tocado pelo amor de Deus, como um raio de luz solar atinge o fundo de um lago de águas plácidas. "Bem-aventurados os limpos de coração, pois eles verão a Deus." Esta luz dá ao homem a sabedoria necessária para conduzir espiritualmente seus próximos, deixando-os em paz consigo mesmos, com seu próximo e com seu Criador. "Bem-aventurados os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus." O mundo ímpio não suporta a conduta dos justos e levanta-se contra eles. Mas nada deve-se temer, pois "Bem-aventurados os que sofrem perseguição em nome da justiça, porque deles é o reino dos céus." No sermão da montanha (Mateus 5 a 7), Jesus nos ensina a não sermos vingativos, a vencer a ira, a sermos justos, sábios, a perdoar nossos inimigos, a buscarmos o sentimento de verdade que existe em nosso coração; explica como devemos dar esmolas, jejuar e orar, para que estas obras sejam aceitas perante Deus. A seguir, chama-nos a confiar em Deus e a não julgar nosso próximo e a praticar a caridade constantemente. Cristo ensinava que não devemos nos afeiçoar aos bens terrenos, pois "de que vale ao homem conquistar todos os tesouros da terra e perder sua alma" (Marcos 8:36-37); pois a pessoa que se dedica ao enriquecimento material acaba afastando-se de Deus, pois "onde estão teus tesouros, lá está teu coração" (Lucas 12:34). Estar em comunhão espiritual com Deus: esta é a maior graça que podemos ter. Por isto Cristo diz: "Buscai primeiro o reino dos céus e a sua justiça e todas estas coisas serão acrescidas." Falando sobre o valor espiritual do reino de Deus, Jesus Cristo, em uma de suas parábolas, comparou-o à uma pérola, pela qual um esperto mercador vendeu todos os seus bens para poder adquiri-la (Mateus 13:45-46). A salvação da alma deve ser a principal preocupação do homem. O caminho da purificação espiritual costuma ser árduo. Por isso, "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela" (Mateus 7:13-14). As provações terrenas devem ser aceitas com resignação pelo homem como sua cruz: "Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24), em realidade, "o reino dos Céus adquire-se à força e os que se esforçam apoderam-se Dele (Mateus, 11:12). É de fundamental importância invocar a ajuda de Deus para que nos auxilie e nos ilumine nesta jornada: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fraca... na vossa paciência salvai vossas almas" (Marcos 14:38; Lucas 21:19). Tendo vindo ao mundo em função de Seu infinito amor por nós, o Filho de Deus ensinava seus seguidores a colocar o amor como fundamento de sua vida, dizendo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento; e o segundo, semelhante a este é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas" (Mateus 22:37-39). O Meu mandamento é este: "Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei" (João 15:12). O amor ao próximo deve ser externado pela caridade: "Quero misericórdia e não sacrifícios." Falando sobre a cruz, o sofrimento e o caminho estreito, Cristo nos fortalece com sua promessa: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30). Tanto as bem-aventuranças quanto todos os ensinamentos do Salvador são cheios de fé na vitória do bem sobre o mal e na alegria do reino de Deus. "Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus" (Mateus 5:12). "Eu estarei com vocês até o fim dos tempos" (Mateus 28:20), e promete que todo aquele que crê Nele não perecerá, mas receberá a vida eterna (João 3:15). A natureza do Reino de Deus Para esclarecer seus ensinamentos sobre o Reino de Deus, Jesus Cristo utilizava-se de exemplos da vida real, parábolas. Comparou o Reino de Deus a uma criação de ovelhas, que vivem em lugar tranqüilo e em segurança, sendo apascentadas por um bondoso pastor, o Cristo. "Eu sou o Bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido... O Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas...Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a Minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor... Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a toma-la. Ninguém ma tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi do meu Pai" (João 10). Nesta comparação do Reino de Deus a um rebanho de ovelhas, frisa-se a unidade da Igreja. Uma grande quantidade de ovelhas estão num cercado, possuem a mesma fé e o mesmo modo de vida. Todas têm o mesmo Pastor - Cristo. Sobre a unidade dos fiéis, Jesus Cristo rogou ao Pai antes de seu martírio, dizendo: "Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti, que também eles sejam um em Nós" (João 17:21). O princípio unificador do Reino de Deus é o amor do Pastor para com as ovelhas e vice-versa. O amor para com Cristo é expresso na obediência para com Ele, na ânsia de viver segundo Sua vontade. "Se Me amais, segui os Meus mandamentos: o amor mútuo entre os que creem é a maior sintonia do Reino de Deus" (João 14:15). "Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35). A graça e a verdade são os dois tesouros que o Senhor levou à Sua Igreja, constituindo-se em suas características essenciais básicas (João 1:17). O Senhor prometeu aos apóstolos que o Espírito Santo conservará em Sua Igreja, até o fim dos tempos, o ensino verdadeiro, sem desvios. "E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. O Espírito da Verdade, O Qual o mundo não pode conter... Ele os instruirá de toda a verdade" (João 14:16-17). Acreditamos, desta maneira, que as bênçãos benfazejas do Espírito Santo permanecem na Igreja, transmitindo-se até o final dos tempos, revivificando seus membros e saciando sua sede espiritual: "Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte d'água que salte para a vida eterna" (João 4:14). Assim como os reinos terrenos necessitam de um ordenamento jurídico para regular e possibilitar sua existência, assim também a Igreja recebeu de Jesus Cristo o ordenamento necessário à salvação dos seus membros - os ensinamentos do evangelho, os Sacramentos e os guias espirituais, o clero da Igreja. Assim Ele disse aos discípulos: "Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós, e havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo" (João 20:21,22). Aos pastores da Igreja Ele incumbiu de ensinar aos fiéis, purificar sua consciência e vivificar suas almas. Os pastores devem seguir ao Pastor Supremo no seu amor para com as ovelhas; já as ovelhas devem respeitar seus pastores, seguir seus ensinamentos, de acordo com as palavras de Jesus: "Quem vos ouve a vós, a Mim Me ouve, e quem vos rejeita a vós, a Mim Me rejeita" (Lucas 10:16). O ser humano não se torna um justo imediatamente. Na parábola da Cizânia (Mateus, 13:24), Cristo explica que tal qual as ervas daninhas crescem em meio ao trigo num campo semeado, também entre os dignos membros da Igreja, encontram-se membros indignos. Alguns pecam por ignorância, inexperiência ou fraqueza espiritual, mas arrependem-se de seus pecados e buscam corrigir-se; outros persistem nos seus erros, menosprezando a grande paciência Divina. O principal dissimulador de tentações e de todos os males entre os homens é o demônio. Falando sobre a Cizânia no Seu reino, o Senhor conclama todos a lutar contra as tentações e orar: "Perdoa as nossas dívidas, amém.

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