Comentários São João da Cruz

OpTerça-feira, dia 19 de Fevereiro de 2019 : Commentary São João da Cruz Dizem os teólogos que a fé é um hábito da alma ao mesmo tempo seguro e obscuro. É obscuro porque nos propõe verdades reveladas sobre o próprio Deus que ultrapassam qualquer luz natural e excedem toda a compreensão humana, seja ela qual for. Daí decorre que essa luz excessiva dada pela fé se transforma para a alma em profundas trevas. Como sabemos, qualquer força superior supera e enfraquece outra que lhe seja inferior; deste modo, o sol eclipsa todas as outras luzes, a ponto de, quando ele resplandece, todas as outras não parecerem propriamente luzes. Para além do mais, quando está no zénite, o seu brilho ultrapassa por completo a nossa capacidade visual, ofuscando-nos em vez de nos permitir ver, por se tornar excessivo e desproporcionado à nossa visão. O mesmo se passa com a luz da fé, que pelo seu prodigioso excesso abate e enfraquece a luz do intelecto. Tomemos outro exemplo: suponhamos uma pessoa cega de nascença, que, por isso mesmo, não conhece as cores. Ao esforçarmo-nos por fazer-lhe compreender o branco ou o amarelo, bem podemos dar explicação atrás de explicação que ela não retirará delas qualquer conhecimento direto, porque nunca viu as cores; a única coisa que reterá no espírito será o seu nome, através do ouvido. O mesmo se passa com a fé em relação à alma: a fé diz-nos coisas que nunca vimos e a respeito das quais não possuímos a mais pequena réstia de conhecimento natural; mas retemo-las através do ouvido, crendo no que nos é ensinado e deixando que se ofusque em nós a luz natural. Com efeito, como nos diz São Paulo, «a fé surge da pregação» (Rom 10,17). É como se nos dissesse: a fé não é uma ciência que reconhecemos pelos sentidos, mas um consentimento da alma que entra em nós pelo ouvido. Torna-se então evidente que a fé é para a alma uma noite escuríssima, mas é precisamente com a sua escuridão que ilumina: quanto mais a mergulha nas trevas, mais az brilhar para ela a sua luz. Assim sendo, é ofuscando que ela alumia, segundo as palavras de Isaías: «Se não acreditardes, não compreendereis» (7,9). Biblia Ave Maria

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